CÁRCERE DA LIBERDADE
Sentimentos indefesos, s.o.s para o bem;
Dias confusos da tal modernidade
Ruas repletas de máquinas e pessoas maquiadas,
Vivendo presos no cárcere da liberdade.
Suas metas incertas, discretas
Concretas formas sobre a mesa,
Nunca há surpresa, nem mensagens secretas
Habituados com a realidade da natureza.
Perdi os hábitos do ser e sou apenas hábitos ruins,
Misturando as piores possibilidades e se perdendo sem fins.
Tenho mais vícios que os mais impuros viciados
Sou um machado que estraçalha a madeira e corta a raiz
Minhas palavras são lançadas apenas com o idioma do meu país
A conseqüência de uma vida desregrada
A evidente perda de juízo, nos troncos onde enraízo, tenho razão
Sou apenas um parasita.
Tenho vontades que nem eu sei quais são, como alguém poderia realizá-las?
Sou um conjunto de coisas que não combinam, sou aquele que todos abominam e meus olhos se perdem no escuro de um mar. Mar de estrelas, a nossa certeza de insignificância, nossa infância recordada com retratos e relatos.
Faz um tempo que eu parei de pensar, penso um tempo em que parei.
Parei o tempo e pensei: o que farei?
Não tenho mais sentimentos, distribuí todos como meus últimos cigarros.
As luzes dos carros me cegam e as pessoas na calçada me erram, com receio de eu poder mordê-las.
Sou o animal acuado dentro da floresta em chamas, o último pensamento quando se sabe que vai morrer.
Sem ter para onde correr...
Sinto apenas o que eu nunca senti. Não sinto nada e desta vida faço a esplanada dos meus incertos pensamentos.