Momentos raros...
Os dias que nos obrigam à consumir
Aos dias que não queremos mais dormir
E ficamos acordados para sempre
Já fiquei cinco dias sem dormir
Numa sentença insana e lúcida
Parecia que uma hora acabaria a vida
As coisas passavam como alucinação, assim posso resumir
É muito estranho, tão estranho como quando se dorme demais
Parece que nunca mais iria acordar, mas eu nem sabia que estava dormindo
O pesadelo, estava deficiente.
Aos deficientes físicos e mentais
De todo o mundo
Aos feios e estranhos, pessoas misturadas
Das nossas origens miscigenadas
E tão humildes
Lembro quando ela dançava no quintal
Passei por ali, lembrei do perfume dela e lembrei como era antes.
Os dias eram claros, com raios de sol enfeitando nosso caminho
Um carinho e a mão dela passeando
Fugi dali, era um sonho muito perfeito.
E o pesadelo que veio na seqüência me fez chorar
E como um rio, fez-se o leito
E uma corrente de lágrimas que não queria parar
Por sorte acordei e não estranhei
Todo aquele suor
Poderia ter sido pior
Mas a destruição foi total
Terremotos e tsunamis, furacões, tempestades e vulcões
Congestionamentos, questionamentos e muitos aborrecimentos
Conseqüências da modernidade sem limites
As tendências que impõem estas elites
Suas modas, suas vidas, suas roupas, suas vidas vestidas
Com trajes impróprios para pobres
Com os gestos e os gostos mais nobres
Fazem caridade
Fazem a maldade
Praticam esportes e falam das mortes
Que eles mesmos praticaram
Assassinos de índole perversa
Assassinos por acidente
Assassinos pelo ocidente
Desde a tenebrosa colonização
A colonização das elites européias
Nada disso, era uma necessidade de auto-afirmação
Era da modernidade por pura determinação
Da elite que governa e domina a crise interna
Da América Latina do Sul
E do Norte
Desejo sorte, já que um simples desejo gera morte
A colonização foi forte e dizimou culturas
Dissipou as origens, destruiu as virgens
Matas, índias, visões, intenções
Criou novas raças,
Acabou com as caças
Determinou uma nova maneira de viver
Os ensinou a escrever, suas línguas
Escravizou os sentimentos nativos
E os que manteve vivos
Deixou com muitas mágoas
Voraz usurpação das terras de América
Maldito Américo Vespúcio.
Aquele porco do Cristóvão Colombo, seu ovo e seu pombo
E aquela bichona do Álvares Cabral.
Começaram toda esta merda que está em fase de destruição total.
Mas também são responsáveis pela minha existência e minha lembrança
De quando ficava olhando, enquanto ela dançava no quintal.